Procuro pela beleza em tudo e em todos ao meu redor. Se me demoro na observação do vento gritante, da água fria jorrando à sua vontade e da névoa sublime causada por esse acontecimento, é apenas porque busco entender as razões para causarem em mim tamanho fascínio e serem, a meu ver, de grande beleza. As gotas d'água lambem-me a face trazidas pelo vento num sopro suave de melodia, posso ver e sentir a música formada por este simplório conjunto. Vagando em minhas andanças admiro as cores, as formas, os cheiros que impetuosamente me invadem enquanto caminho. Sinto o frescor deste vento úmido que me conforta, sinto a dor incômoda que a luminosidade do dia me inflige. Analiso os desenhos que as curvas criam, a arte incrustada nos banquinhos de praça e na formação complexa de um número infindável de criaturas e objetos. O sol doura minha pele e sinto-a queimar. Isso não me move. Em suas órbitas meus olhos vão de um canto a outro, atentos aos mais ínfimos detalhes. Prendo-me por um longo momento ao movimento das cinzentas nuvens sobre mim, tão próximas e mesmo assim distantes demais de meu toque físico. Mas navego entre elas e dentro delas, mergulho em suas piscinas e descubro novos tons no céu cintilante e calmamente profundo. As grandes colchas celestiais se arrastam pelo horizonte a perder de vista e por um curto momento parecem imutáveis, intransponíveis e silenciosas, mas ensurdecedoras. Transitam em paz com a leveza dos ventos. Mais uma vez, a beleza da água e do vento. Puros, básicos, primordiais... excelência existencial!
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Lívia Louback
A hopeful dreamer, a writer, a dancer, a life lover! ArchivesCategories |